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terça-feira, 25 de maio de 2010

A ruptura precoce na elaboração do bebe imaginário apos o parto prematuro e a dificuldade materna no apego a esse novo ser.

Miza Maria Vidigal.

Resumo- O texto visa refletir sobre a ocorrencia do nascimento prematuro ( idade gestacional menor que 37 semanas) durante as etapas de elaboração do bebe imaginário , na dificuldade da mãe em compreender seu bebe real e todos esses fatores colaborando para a dificuldade nessa mãe em cumprir sua função de “maternagem’.

O bebe Imaginario

As gestantes constroem durante a gravidez uma imagem do futuro bebe , definindo-o em um corpo ,o que lhes auxilia a criar um espaço para ele . A personificação vai sendo construída com a escolha do nome do bebe ,a compra de roupas,a preparação do quarto.Esse trabalho imaginativo aproxima a gestante do seu bebe,tornado conhecido esse novo ser e favorecendo sua vinculação ao mesmo..

Na elaboração deste bebe imaginário ,são bem definidas três fases distintas .O bebe edipiano, o bebe imaginário e o bebe real.O primeiro eh de todo inconsciente pois resulta da própria historia infantil da mãe. O bebe imaginário eh formado com base nos desejos maternos ,suas necessidades narcisistas e a percepção dos movimentos ,das atividades , dos tipos de reação que o feto tem. Dessa forma , a mãe vai se preparando para o choque da separação anatômica,a adaptação a um bebe em particular ,um novo relacionamento que combinara suas próprias necessidades e fantasias `as de um outro ser , o bebe real.

O nascimento prematuro

Defini-se como parto prematuro aquele que acontece antes de 37 semanas de gravidez.Inumeras são as razoes para o nascimento prematuro.A estilo de vida da mulher atual que busca a realização profissional e retarda a gravidez para um momento mais tardio , atividades físicas mais vigorosas,a possibilidade de gerara fora do útero ( fertilização in vitro)e implantacao de mais de um embrião o que propicia o parto prematuro.

O nascimento prematuro interrompe bruscamente a elaboração do “bebe imaginário”e essa mãe , por sua vez, pode experimentar uma serie de emoções negativas.Sente-se ansiosa,culpada,desesperançada,deprimida e assustada ,sendo considerada prematura para exercer sua função parental.

O luto depois de um nascimento prematuro eh inevitável.A mãe demonstra essa reação pela perda do “bebe perfeito” que esperava e se culpa ,consciente ou nao,pelo bebe que produziu.Muitas vezes os sentimentos de culpa pelo nascimento prematuro e medo da sua nao sobrevivência são tão grandes que ela demora mais de um dia para ir ao encontro de seu bebe .Eh muito importante que ela possa superar esse sentimentos e e começar tudo novamente ,vinculando-se ao bebe que sente ter posto em perigo.

Todo bebe carrega um potencial de decepção e ha uma idealização frustrada por parte dos pais .O bebe imaginário nunca corresponde ao real e quando o bebe e prematuro as diferenças entre o real e imaginário, que ainda não foi totalmente formado,tornam-se maiores ainda.Aquele ser emagrecido, envolto em aparelhos e dentro de uma incubadora produz um choque na mãe que geralmente não consegue olhar seu bebe , falar-lhe , dar-lhe um nome.Em contrapartida , seu bebe concentra toda sua energia para sua auto-regulacao e relega a um plano secundário eventuais interações. A mãe , perto da incubadora , sofre de uma incapacidade de pensar seu bebe , e ate mesmo de sentir-se mãe.

O desenvolvimento do apego

Diante de um bebe doente , as vezes, a mãe não se reconhece como mãe nem reconhece o filho como seu.Consequentemente ,o filho nao se reconhece nela.”Afastar-se do filho eh então o único meio que lhe resta para demonstrar seu instinto materno”(Mathelin, 1999).

Num outro momento essa mãe pode também ocupar o estado de “preocupação medico –primaria” onde, ao invés de dedicar-se exclusivamente ao seu bebe , descobrindo suas competências e singularidades ,passa a ocupar uma função mais medica que maternal.E pode ser vista ao lado da incubadora examinando a ficha de enfermagem e/ou o prontuário medico . Usando termos médicos ao conversar com a equipe tratando seu bebe nao como um filho mas como um paciente a quem também presta cuidados tal qual a enfermagem e os médicos.Essa eh uma outra forma de modalidade interativa que se torna possível pela disposição materna de envolver-se com seu bebe.Sem poder usufruir da troca de olhares,contato físico,diálogos e expressões faciais essa mãe encontra um caminho para se aproximar daquele que “nao lhe envia nada da própria imagem dela”( Mathelin, 1999) .

Apesar dos obstáculos eh importante que a mãe identifique tracos de em seu bebe,que haja um lugar simbólico para ele pois nao tarda e esse bebe vai se recuperando ,se desvencilhando de toda tecnologia e consegue, através de gestos e expressões ,dirigir-se a sua mãe e nesse instante a função materna passa a ser melhor delineada e o apego se fará presente

Consideracoes finais

O nascimento prematuro interrompe todo um processo natural de elaboracao mental deste novo ser que esta em formação.Quanto menor a idade gestacional deste novo bebe maior será o cuidado tecnológico dispensado para garantir sua sobrevivência.Muitas vezes esta bebe fica envolto em muitos sensores,a incubadora fica umidificada e forma uma nevoa que impede sua mãe de sequer vê-lo e a dificuldade de encontrar semelhanças com ela ( outrora imaginados) eh imensa.Obebe quase sempre esta sedado e pela própria prematuridade eh um ser pouco responsivel a estímulos sonoros, visuais ,respondendo somente ao toque mas as mães, por sua vez,sentem medo de machucar e são impotentes para estabelecer um contato precoce.Esta interação quase sempre so ocorre quando o bebe fica mais velho e, ele mesmo, procura pelo olhar materno.O eatabelecimento da relação mãe-bebe muitas vezes se da depois de dois meses de internação .

O trabalho de equipes de terapia intensiva deveria incluir como rotina a busca e favorecimento deste apego.Ouvir a mãe de um prematuro, conversar com ela na sua linguagem, ter pacienca para atender a contento todos os anseios dessa mãe.Estimulaar o toque precoce, sempre que possivel,incluira amae na tarefa de cuidar do bebe , como troca de fraldas, ministrar a dieta enteral,mudar o deubito , são medidas simples que , quando realizadas pela mãe ,podem estreitar a relação desta com seu pequeno favorecendo assim o desenvolvimento do apego

Bibliografia-

Brazelton,Tery Berry . O Desenvolvimento do apego –Uma família em formação .Traducao Dayse Batista.Porto Alegre : Artes Medicas,1992

Andreani,Grace:Custodio,Zaíra Aparecida O e Crepaldi,Maria Aparecida.Tecendo as redes de apoio a prematuridade.Aletheia , dez 2006 no24 ,p.115-126 ISSN 1413-0394

Almeida Braga,Maria Cristina (nina) e Morsch, Denise Streit .`A procura de u encontro perdido:o papel da “preocupação –medico primaria”em UTI neonatal –Revisat Latinoamericana Psicopatologia Fundamental,São Paulo ,v10 no 4 ,p624-636, dez 2007